Brasília em Dia
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27 de Maio de 2011
Tsunami eleitoral na Espanha
Na manhã da última segunda, 23, o jornal “El pais” de Madri estampou em letras garrafais, que um “tsunami eleitoral” afogara o Partido Socialista Operário (PSOE), do primeiro ministro José Luiz Rodríguez Zapatero, da Espanha. O jornal “El mundo” destacou que o PP humilhara o PSOE nas urnas. Os socialistas sofreram a sua pior derrota, com quase dois milhões de votos a menos do que o Partido Popular (PP). O PSOE foi o primeiro partido a governar a Espanha, após a morte do ditador Francisco Franco (1975), sucedido como chefe de Estado pelo rei Juan Carlos I, em razão da restauração da monarquia. Promulgada a Constituição de 1978 e realizadas eleições livres, elegeu-se primeiro ministro, o socialista Felipe Gonzalez (PSOE). Depois de 14 anos, José Maria Aznar do PP (Partido Popular) chegou ao poder, onde permaneceu até 2004, quando entregou o governo a José Luiz Rodríguez Zapatero.
Felipe González Márquez, o filho de um tratador de gado, ativista político da década de 60 e líder do Partido Socialista, com 32 anos, teve uma presença eficiente e pragmática como o primeiro chefe de governo pós Franco (1982 a 1996). Levou a Espanha à União Européia, manteve-se aliado da OTAN, modernizou a economia, para assegurar estabilidade a longo prazo e implementou reformas sociais.
No momento, a Espanha atravessa séria crise econômica com o aumento do desemprego, semelhante ao que ocorre em outros países da Europa (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia). Segundo a imprensa, o primeiro ministro Zapatero descartou eleições antecipadas, ao contrário do seu companheiro de partido Gonzalez, que diante de crise iminente convocou, em 1986, novo pleito. Ele afirmou que permanecerá no governo para fazer as reformas necessárias até 2012, quando se realizarão as eleições gerais.
Atualmente, as mais expressivas forças políticas espanholas reunem-se em três grupos, a nível nacional: o Partido Socialista Operário (PSOE), de centro esquerda; o PP (Partido Popular), de centro-direita e os comunistas, em menor proporção, na EU (Esquerda Unida). Em função de conflitos internos, influem na Espanha três partidos regionais: a Esquerda Republicana da Catalunia, o de centro-direita catalão “Convergencia e União” e o centro-direita Partido Nacionalista Basco.
Neste contexto, e com os sinais do resultado eleitoral do último domingo, a era do atual primeiro ministro Zapatero parece aproximar-se do fim. A sua vitória contra Aznar, em março de 2004, surpreendeu a todos. Na verdade, ele foi empurrado para o Palácio de Moncloa três dias antes da eleição, pela Al Qaeda, que bombardeou trens em Madri, matando mais de 190 pessoas e ferindo quase duas mil. O fato desgastou o seu opositor, José Maria Aznar. Assumindo o governo, Zapatero retirou as tropas espanholas do Iraque, pensando que apaziguaria os terroristas islâmicos, o que não aconteceu. Foi mais além na sua política externa, ao se aproximar de Hugo Chávez, Evo Morales e Fidel Castro. Tentou vender aviões militares à Venezuela, no que foi impedido pelo Departamento de Defesa americano. Tudo indicava que não conseguiria reeleger-se em 2008. Mais uma vez, a imprevisão o beneficiou. Com a ajuda da mídia,montou uma coalizão de partidos antagônicos. Mesmo sem alcançar a maioria absoluta, formou o seu governo.
O Partido Popular prepara-se para, no próximo ano, tentar a volta ao poder. Beneficia-se da imagem de José Maria Aznar, que governou de 1996 a 2004. Durante o seu governo, a Espanha cresceu e serviu de exemplo à zona do euro. Tornou-se um dos principais aliados da Casa Branca no mundo. Quando entregou o governo à Zapatero, a economia continuava a crescer. A sua herança não foi bem administrada, e resultou nas dificuldades atuais. Zapatero aumentou os gastos públicos, permitiu o estouro da bolha imobiliária e do crédito global, afugentando capitais da Espanha. Hoje, um quinto da força de trabalho está desempregada. Entre as pessoas com idade entre 16 a 25, a taxa de 42% é chocante.
O futuro da Espanha dependerá do futuro do euro. Os desafios são muitos, em razão da idéia de a comunidade européia entrelaçar as economias. Portugal, Irlanda e Grécia já estão na UTI. Ajudará muito, se a Espanha e a Itália superarem a crise. Deus queira que isto aconteça!
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