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Opinião

  • 22 de Maio de 2011

    Aeroporto na encruzilhada do mundo

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     Os norte-rio-grandenses devem assistir e analisar o filme (DVD) recentemente lançado pela Fundação Rampa – “Natal encruzilhada do mundo”, dirigido por Fred Nicolau. O documentário mostra historicamente a vocação do “Grande Natal” como ponto geográfico estratégico nas Américas e do Caribe, pela proximidade da Europa, África, Ásia e Oceania. Desde 1530, esta nossa condição privilegiada foi reconhecida pelo rei de Portugal, ao criar a capitania hereditária do Rio Grande do Norte, doada a João de Barros para conter as invasões francesas. Cascudo, em uma de suas “Acta diurna”, escreve que Natal “constituía uma das oito capitais do mundo, vértice onde se entrecruzam os meridianos de todas as comunicações”. Pessoalmente, tinha o propósito de não mais falar na vocação natural do “grande natal” para a implantação de uma área de livre comércio, ao lado do futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante.  Cansei! Há mais de dez anos coloco na mesa do debate político-econômico local esta proposta, através de discursos na Câmara Federal (publicados em livros e nos anais), artigos de jornais, debates, seminários de estudo... Convenci-me de que Tonico e Tinoco têm razão, quando cantam a música sertaneja: “falar com quem não escuta, não adianta gritar”.  Infelizmente, quem não pensa na linha dos “lobbies”, que favorecem pessoas e grupos recebe o “calado por resposta”! O interesse público é colocado na lata do lixo. Ninguém aceita sequer debater, mesmo para contestar os argumentos levantados. A triste realidade lembra a sátira de Stanislaw Ponte Preta: “a prosperidade de alguns brasileiros é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”.

    Como sonhador contumaz e estimulado pelo filme-documentário – “Natal encruzilhada do mundo” - volto a insistir na área de livre comércio (ALC), localizada no limítrofe do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que numa visão competente de globalização e de custo-benefício simboliza a dupla chance de incrementar o turismo brasileiro e constituir a base de um pólo produtor de bens e exportador latino-americano, situado no RN. O empreendimento somente se tornará realidade, com a definição prévia da viabilidade econômica sustentável. A sua privatização sofrerá a concorrência da prioridade já dada pelo governo a Guarulhos, Campinas e Brasília. Nenhum investidor privado sério colocará dinheiro do bolso, se não tiver esta certeza. O turismo, as lojas comerciais, o estacionamento, os galpões não asseguram o retorno do investimento no aeroporto. A posição geográfica privilegiada do RN exige tratamento diferenciado, com a instalação de um “pólo integrado - exportador e turístico”, que não apenas estoque em galpões, mas fabrique produtos, promova pesquisa industrial aplicada e construa rede hoteleira internacional.  Negar tal evidencia será repetir a máxima de Abraham Lincoln: “nunca conseguirás convencer um rato de que um gato traz boa sorte”. Roraima conseguiu recentemente a única área de livre comércio do Brasil, argumentando que era uma fronteira terrestre. O RN passou “batido”, mesmo sendo a maior fronteira aérea e marítima das Américas. Ninguém protestou! Se ZPE fosse igual à área de livre comércio indaga-se por que Roraima não quis ZPE e optou e por uma área livre? Justamente pela razão de que a ZPE é um espaço territorial limitado, abrangendo apenas um município. Enquanto isto, a ALC envolve vários municípios, com alcance econômico amplo, inclusive absorvendo dentro dela várias ZPE´s. Uma área de livre comércio no RN não impedirá o funcionamento das ZPE´s de Macaíba e Açu. Ao contrário, fortalecerá e dará maior viabilidade econômica a elas, além da possibilidade da legislação estadual criar núcleos de produção e apoio nas várias regiões do Estado para exportar os produtos locais. Esta estratégia beneficiaria a zona da mata, seridó, sertão, oeste, agreste e salineira. Todas as regiões estaduais seriam contempladas.

    O documentário de Fred Nicolau deveria ser exibido nas escolas para que os alunos conheçam a história potiguar. O filme mostra a nossa importância estratégica e bélica ao longo dos tempos. Caberá a atual geração cobrar a importância estratégica e econômica no futuro, com a implantação de um “pólo exportador e turístico”, ao lado do futuro aeroporto, gerando milhares de empregos e oportunidades. Se nada for feito neste sentido restará ao povo repetir o verso do poeta de cordel: “Eu tentei chorar, mas roubaram as minhas lágrimas; eu queria gritar, mas tentam calar a minha voz”.

    Leia também "o blog do Ney Lopes": 
    www.blogdoneylopes.com.br

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    • Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
      de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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