Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 07 de Maio de 2011

    FHC tinha razão...

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    O ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso fez, recentemente na revista “Interesse Nacional”, uma longa análise da conjuntura política brasileira, intitulada de “O papel da oposição”. Antes mesmo da publicação da revista, percebeu-se o sotaque do PT – como nos velhos tempos –, propagando versões sobre o que afirmara o ex-presidente. Incrivelmente, até correligionários fizeram o mesmo, certamente por não terem lido o artigo, ou apenas treslido, ou entenderam as avessas. O ex-presidente Lula, com doutoramento “honoris causa” em Coimbra, disparou: “-Sinceramente não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros.” O objetivo visível do PT era antecipar-se e anular os efeitos do ensaio de FHC, que colocava no debate político brasileiro a prioridade a ser dada à nova classe média emergente.

    FHC criticou o que denominou “falsidades ideológicas do PT” e opinou que “enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. Isto porque o governo “aparelhou”, cooptou com benesses, as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil que dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias”. O governo inegavelmente usa mecanismos de concessão de benesses mais eficientes e atraentes, do que discursos no Congresso. Trata-se de análise sociopolítica. Em nenhum instante, o ex-presidente aconselhou afastamento do povão.

    Por ironia do destino, quem acabou avalizando o ponto de vista do ex-presidente Fernando Henrique foram a presidente Dilma Rousseff e o seu vice-presidente Michel Temer. A chefe do governo, em sua proclamação aos trabalhadores no último dia 1º de maio, citou enfaticamente a prioridade que deve ser dada a classe média, justamente o que afirmara FHC. Declarou que “no nosso país, a balança da justiça social está mais próxima do seu ponto de equilíbrio, mas os pratos desta balança só estarão plenamente equilibrados quando houver menos peso sobre os pobres e sobre a classe média”. Mais adiante, a presidente voltou a tocar nessa prioridade com maior ênfase, ao dizer: “são programas que beneficiarão tanto os mais pobres como os filhos da classe média, que cresce vigorosa em nosso país”. No mesmo discurso, a presidente falou, ainda, duas vezes sobre a classe média, em relação ao compromisso específico do seu governo e a elevação do padrão de vida.

    O vice-presidente Michel Temer, ao mesmo tempo, declarou à imprensa que é necessário dar prioridade à classe média. Foi mais além ao usar quase a mesma linguagem do ensaio de FHC: “não se trata de esquecer os pobres, é claro. Mas eles já têm programas de assistência. Assim, identifico essa gente toda que ascendeu socialmente como um público a ser atendido, provavelmente com ainda maior incremento”. Não é possível “tapar o sol com uma peneira” para negar o papel da classe média emergente, no momento político brasileiro. Tudo começou a partir do Plano Real, dos governos FHC e Lula e do vertiginoso crescimento da economia mundial. Segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas), cerca de 29 milhões de pessoas entraram para a classe C, a partir do início do novo século. A classe média passou a ser composta por quase 95 milhões de pessoas, representando mais de 50% da população brasileira. O fato significa que ela representa parcela da população, capaz de decidir uma eleição, além de já ter atingido o status de razoável poder de compra no Brasil. Mais do que as classes A e B, juntas.

    FHC chamou atenção para o fato de que as expectativas da nova classe média estão muito além da sobrevivência imediata e dos favores do governo (bolsa família). Pesquisa recente revela que este segmento populacional se preocupa em primeiro lugar com a segurança pública (96,9%), seguida da educação (96,8%), família (96,5%), saúde física (96%) e realização pessoal (95,8%). Em seguida, aparecem perspectivas futuras (95,6%), saúde psicológica (95,6%) e felicidade (94,4%).

    A conclusão final é que a tese do ex-presidente Fernando Henrique despertou o governo para o risco de perder o diálogo com a classe média. Talvez por esta razão, o PT tenha se apressado em distorcer o verdadeiro sentido do artigo divulgado. Não será por isto, que a presidente e o seu vive excluirão o povão. Apenas, ambos comprovaram que FHC tinha razão!

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