Opinião
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02 de Dezembro de 2006
POLÍTICA TEM LÓGICA?
Quando acaba uma eleição, surgem as mais diferentes interpretações sobre quem ganhou e quem perdeu. Haverá lógica em uma disputa eleitoral?
Nas minhas dúvidas, gosto de ouvir pessoas humildes. Conversei com um cidadão de poucas letras. Ele me disse: “essa tal de lógica na política é como procurar o fio de uma meada e não encontrar nunca”. Na prática, o nosso filósofo aplicou a máxima de Robert Louis Stevenson, de que “a política é talvez a única atividade para qual nenhuma preparação é considerada necessária”.
Estou convencido de que nem tudo está perdido. Em vários Estados brasileiros, a cada eleição, surgem exemplos de mudanças e oportunidades dadas aos melhores, com o cidadão assumindo o papel de ator principal da democracia.
Cito casos eleitorais concretos, no presente e no passado, onde os vitoriosos, mesmo não sendo estreantes, venceram pela vida pregressa, competência, criatividade e propostas. Perdeu a lógica da tradição e do abuso de poder. Ganhou a lógica da eficiência, participação cidadã e serviço prestado.
Em agosto passado, encontrei a deputada Yeda Crucius no plenário da Câmara. Perguntei-lhe como estava a sua luta como candidata a governadora do Rio Grande do Sul. Respondeu-me que era difícil, mas o seu Estado tinha a marca de oferecer oportunidades a quem tinha melhores idéias, independente de partido ou tradição. No final, ela ganhou. Em eleições passadas, o mesmo ocorreu com o bancário Olívio Dutra, o advogado de classe média Germano Rigotto, o trabalhista Alceu Collares e outros.
Observando os nossos vizinhos do Nordeste, constatamos historicamente situações semelhantes. Na Paraíba, alcançaram o governo profissionais liberais como Tarcísio Buriti, Antonio Mariz, José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima. No Ceará, Tasso Jereissati venceu as poderosas lideranças de Virgilio Távora, Adauto Bezerra e César Cals. No Piauí, reelegeu-se Wellington Dias. Antes, chegaram ao poder, com a marca da mudança, Alberto Silva e Mão Santa.
Em Alagoas, há anos o filho de um sargento da Polícia, Divaldo Suruagy, foi “zebra” eleitoral. Depois dele, Ronaldo Lessa teve a mesma característica. Em Pernambuco - terra dos senhores de engenho - superaram barreiras Miguel Arraes, Joaquim Francisco, Roberto Magalhães e Jarbas Vasconcelos, todos simples profissionais liberais. Em Sergipe, o governador João Alves quebrou a dominação da “família Franco”.
Em outubro passado, ganhou a eleição um humilde bancário, Marcelo Deda. Na Bahia, ACM perdeu para Waldir Pires. Depois, voltou ao poder e foi derrotado, agora, por Jacques Wagner, que já tivera dois insucessos na disputa para governador. Ainda na Bahia, João Durval chega ao Senado, após quase 20 anos de derrotas sucessivas. Era considerado “carta fora do baralho”.
A lógica política está condicionada às circunstâncias de cada eleição. A senadora Ana Júlia perdeu por larga margem, em 2004, para prefeita de Belém. Ganhou em 2006 para governadora do Pará. O senador Saturnino Brito perdeu certa vez para vereador do Rio de Janeiro. Ganhou a eleição seguinte para o Senado.
A democracia fortalece-se com as oportunidades ampliadas. A lógica, na política, somente existe quando prevalece a consciente participação popular. Tal participação não ocorrendo, a tendência é a vitória da lei da vantagem (Lei de Gerson) e daqueles que herdam poderosas tradições. Nestes casos, cabe lembrar ao cidadão-eleitor, aquela expressão de John Donne, no final de filme famoso: depois “não perguntem por quem os sinos dobram. Eles sempre dobram por ti”
A propósito
Órgão da imprensa natalense divulgou o meu afastamento da política. Não declarei isto e nem digo que “dessa água não beberei”. Apenas, no momento, não tenho nenhum projeto político para o futuro. Continuo, todavia, na vida pública. Irei advogar em Natal e em Brasília, juntamente com o meu filho Ney Jr.Talentos potiguares
O senador recém eleito pelo Amazonas, Alfredo Nascimento, e a advogada Estefânia Viveiros, reeleita em Brasília presidente da OAB-DF são dois talentos potiguares, que venceram fora do Estado. E por isto orgulham todos os seus conterrâneos.Salve o América
Grande vitória a do América FC, o meu time de coração desde a infância. Já fui Conselheiro do Clube. Mais expressiva do que a classificação foi a altivez de jogar de cabeça erguida, no “Mineirão” lotado, e empatar o jogo, mesmo com a visível má vontade de alguns comentaristas esportivos sulistas.Fies
O Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) está com inscrições abertas até este domingo, dia 3. Estão sendo oferecidos 100 mil financiamentos de 50% da mensalidade a alunos de graduação que estudam em instituições de ensino superior privadas em todo o país. A inscrição deve ser feita no site da Caixa Econômica Federal, que é o agente financeiro do programa - www3.caixa.gov.br/fies.O RN perde dois homens vitoriosos. Cada qual na sua atividade.
Padre Vilela, pároco de Candelária, sacerdote virtuoso, humano, prestativo. Poucos atingiram o grau de respeito que ele teve na sua comunidade. Tudo conquistado pelo cumprimento exemplar do dever sacerdotal.
Davi Cunha – “o Espanta”. Um lutador. Acreditou no seu talento. Superou barreiras como humorista. Justamente quando começava a subir os degraus da fama nacional, partiu para a Eternidade. Seja feita a vontade de Deus. Aqui na terra, prestamos as homenagens devidas ao seu talento de extraordinário artista.
Publicado em 03.12.2006 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.
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