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Opinião

  • 11 de Março de 2012

    O pontapé no traseiro do Brasil

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    Não é sem razão que um blogueiro anônimo escreveu que a Fifa deseja ser mais poderosa do que a própria ONU... “Seria o caso de criar um país só para que a Fifa realize seu espetáculo: a Fifalândia”. A opinião pública assiste atônita, um tal francês de nome Valcke, secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (FIFA), com arrogância e prepotência na linguagem usada, ir mais além do que o seu compatriota Charles de Gaulle, quando nos anos 60 teria declarado que o “Brasil não era um país sério”. Nessa década também ocorreu à chamada “guerra da lagosta”, envolvendo França e Brasil, com a captura ilegal de lagosta, por parte de embarcações francesas, que invadiram águas territoriais no litoral Nordeste do Brasil.

    Nem com o Brasil totalmente atrasado nas obras preparatórias da Copa do Mundo 2014 – o que não é verdadeiro-, se justificariam as declarações grosseiras e mal educadas do tal Valcke, que teve a ousadia de afirmar, que o Brasil deveria receber “um ponta pé no traseiro”, além de críticas ferinas à autonomia constitucional do Congresso Nacional. Depois atribuiu à ofensa a má tradução do texto. Quem conhece o mínimo de francês sabe que a tradução foi correta. Não se trata de nacionalismo exagerado. O ofensor se referiu a uma nação soberana de forma “impertinente e descabida” como classificou, com absoluta razão, o ministro Aldo Rebelo, ao encampar a indignação da presidente Dilma Rousseff. Infelizmente, os jogadores Ronaldo e o “deputado” Romário perderam uma boa oportunidade de ficarem calados, ao tentarem justificar o injustificável.

    A Copa não poderá sair do Brasil. Tanto a Fifa quanto o governo federal consultaram advogados nacionais e internacionais. Todos chegaram à conclusão de que o impasse legal seria tão grande, que a disputa simplesmente não teria como ser realizada no ano marcado. Em 2014, o mundo ficaria sem a Copa. Uma quebra de contrato causaria prejuízos para ambos os lados, que seriam equivalentes ao dobro do que custará o Mundial de 2014. A presidente Dilma está consciente, de que o “plano B” da Fifa é para inglês (ou francês!) vê. Se o desentendimento tivesse ocorrido em 2010, o quadro seria diferente e o Brasil estaria “encurralado”.

    A Fifa ganhou 4,1 bilhões de dólares (R$ 7,3 bilhões) entre 2006 e 2010, na África do Sul e tem o propósito de ganhar muito mais no Brasil, a custa do corte de direitos legítimos do nosso povo. A liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios é questão polêmica. A FIFA quer a liberação, já que possui patrocinadores internacionais produtores de bebida. Igualmente, grave é a intenção da Fifa em negar o direito à meia-entrada de estudantes e idosos, sob o argumento de que deixaria de ganhar U$ 100 milhões de dólares (R$ 180 milhões de reais). A Câmara dos Deputados, de forma soberana, aprovou o Estatuto da Juventude, que tornou fato consumado a meia-entrada para estudantes entre 15 e 29 anos. Note-se que o preço dos ingressos estabelecido pela Fifa oscila entre 900 e 50 dólares. A entidade propõe que caso haja demanda maior para os ingressos de menor preço seja feito um sorteio entre os idosos, estudantes e beneficiados da Bolsa Família. Na visão da Fifa, os deficientes físicos não seriam beneficiados. Um absurdo tais propostas!

    O ministro Aldo Rebelo, respaldado pela presidente Dilma, agiu com firmeza e merece apoio incondicional da nação. Ele demonstrou que a maior parte da construção dos estádios brasileiros está seguindo o cronograma previsto, bem como as obras de mobilidade urbana, no total de cinquenta e uma, com a previsão de entrega em 2013.

    Depois da agressão do francês é buscada uma saída negociada. Nada a opor, desde que não envolva o tal Valcke como interlocutor da Fifa.  O sr. Ricardo Teixeira, de notória má fama pelas falcatruas denunciadas contra ele, tenta falar através de terceiros. Ainda bem que o governo não escuta. Caso o ministro e a presidenta aceitem “passar um pano” na ofensa, terão simplesmente sujado a água para depois beber, além de darem o atestado de que Valcke tinha razão e o país merece realmente “um ponta pé no traseiro”...

    Leia também "o blog do Ney Lopes":
    www.blogdoneylopes.com.br

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor 
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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