Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 07 de Junho de 2008

    É o liberou geral!

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    De Buenos Aires para Natal – Ainda no quarto do hotel preparo-me para viajar a São Paulo. Estou na Argentina há três dias, em atividade profissional.

    Não “desgrudo” da terrinha. Leio os jornais e “blogs” na Internet, antes de enfrentar o frio local.

    Como pretendo permanecer na política em 2010, sou obrigado a acompanhar todos os acontecimentos políticos e eleitorais da atual campanha municipal e analisá-los na ótica pessoal.

    É justamente sob essa ótica, que escrevo este artigo, sempre de “olho aberto”.

    Ou estou vesgo, ou, a política do Rio Grande do Norte perdeu por completo a compostura. Salvo honrosas exceções, “ninguém é de ninguém” como canta Agnaldo Timóteo.

    O que não se sabe é se o povo entenderá o “pagode” e completará a música, em 2008 ou em 2010, cantando: “na vida tudo passa”, inclusive alguns “personagens” de hoje.

    De longe – daqui da Argentina – é essa a percepção que tenho. Posso estar errado e não enxergar a realidade de que tantos falam para justificar tudo que vem ocorrendo.

    Lembrei-me da história de Joana, da realeza napolitana no século XIV. Ela liberou os bordéis de Avignon (cidade famosa por ter sediado o papado) e impôs a regra de que a porta dessas casas deveria ficar sempre aberta, para que todos pudessem entrar e sair, sem nenhuma dificuldade. O episódio ficou conhecido no Brasil (e no Rio Grande do Norte também!) como “casa de mãe Joana”.

    Na vida pública não venho de uma escola de “santos”. Claro que a política impõe mudanças – inclusive de partido -, de grupos, de interesses etc... Isto ocorreu e sempre ocorrerá. Não critico quem muda pelo fato de mudar. O que se discute é por quê mudar.

    É um direito pessoal e inalienável revisar posições, sobretudo quando ocorrem justificativas. No caso da política partidária, considero normal alguém deixar um partido por não ter “vez”, ter sido sempre excluído, ser vítima da inveja e da perseguição silentes. Chega sempre o momento em que a gota dágua transborda. Cedo ou tarde isso será inevitável.

    Todavia, a ótica que aprendi desde jovem é que em todas as atitudes humanas há que se ter presente a explicação a si mesmo e aos outros, daqueles atos ou decisões assumidas. Não se trata de lei. Mas sim, de princípio ético de vida.

    Para o político, que é julgado pela opinião pública, a explicação dos seus gestos e decisões se impõe com maior vigor. O político é obrigado a prestar contas permanentemente ao cidadão.

    Portanto, na hora de mudar e assumir novas posições é necessário seguir a máxima de Victor Hugo, quando escreveu: “a opinião de um homem pode mudar honrosamente, desde que a sua consciência não mude".

    O que significaria “não mudar a consciência”?

    Da minha ótica – e respeito quem pense o contrário – mudar as posições políticas e não mudar a consciência é explicar com transparência e sinceridade a decisão tomada. Dizer as razões, os motivos, as causas. O cidadão julgará e na urna livre dará o seu julgamento.

    Todos entendem as mutações humanas, que têm causas imprevisíveis. Isso ocorre na família, no trabalho, na economia, nas religiões e – como não poderia deixar de ser – na política.

    O que se discute é que tais mudanças não podem ter o cenário grotesco da cidade de Avignon, na França do século XIV.

    Na vida pública encontram-se exemplos de união de contrários e mudanças políticas.

    Getúlio com Prestes, por exemplo, é uma prova. Por que ocorreu? Tudo em nome da volta à democracia no país. Luis Carlos Prestes justificou-se muito bem e com grandeza, justiça se faça.

    JK, Lacerda e Jango, outro exemplo patente. Uniram-se em Montevidéu para forçar uma abertura política no Brasil.

    Em 2006 ocorreu no RN a união dos Maias com os Alves, em torno da candidatura de Garibaldi ao Governo e Rosalba ao Senado. Pessoalmente, em repetidas declarações à imprensa, achei inconveniente aquele acordo.

    Depois aceitei e para ser candidato a vice-governador firmei com Garibaldi Alves o compromisso – estou certo que ele cumpriria – de que conduziria a luta a favor de uma “área de livre comércio”, ao lado do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, gerando 50 mil empregos e oportunidades no Estado.

    Essa área de livre comércio era e é a minha obsessão, infelizmente distante, porque nenhum político do RN assume publicamente tal compromisso.

    Observe-se que o entendimento do PMDB e DEM em 2006 resultou de anos de conversa (desde a eleição de 2004). O sistema liderado pelo senador José Agripino tinha razões políticas de afastar-se da governadora Vilma, por ter sido violentamente hostilizado, após ter contribuído decisivamente para a vitória no segundo turno de 2002.

    Em 2004, a governadora Vilma e o prefeito Carlos Eduardo “levaram com a barriga” o grupo do então PFL, oferecendo uma vice-prefeitura de Natal, que seria destinada ao filho do senador José Agripino – Felipe Maia -, que pretendia iniciar-se na política.

    De última hora – e sem explicações – Vilma e Carlos Eduardo puxaram a escada.

    O resultado é que, com todo o quadro eleitoral em Natal já definido, fui solidário com o Senador José Agripino e para que a sua liderança não sofresse maior desgaste, aceitei disputar a Prefeitura de Natal.

    Um mês antes, o PMDB e o atual PP manifestaram desejo de apoiar a minha candidatura a Prefeito de Natal. Seria uma coligação fortíssima. O PFL, entretanto, preferiu acreditar no acordo com a governadora Vilma que lhe asseguraria a vice-prefeitura, o que terminou não acontecendo.

    Contei na campanha com o incondicional apoio do senador José Agripino e do seu grupo íntimo, porém uma pesquisa pós eleição deixou claro que o povo entendeu que eu não era candidato “pra valer” e decidiu manter-me na Câmara dos Deputados, para onde fora eleito em 2002 com a maior soma de votos, em primeiro lugar, no então PFL.

    Não perdi a eleição de 2004.

    Como se vê nos exemplos citados há situações e momentos em que as mudanças de partido e posições se justificam por si próprias.

    O que, entretanto, choca é o quadro atual do Rio Grande do Norte.

    Em nome da pacificação e da paz unem-se – como tenho dito – muçulmanos e judeus ortodoxos. Há que se entender que isso é contra a história e a própria natureza humana.

    Uma coisa é o respeito que os políticos devem ter entre si, em nome do ideal democrático. Outra coisa é o interesse público e ético jogados numa lata de lixo.

    Numa eleição municipal cada cidade é um caso isolado. Sabe-se disso. Sempre foi assim. Porém, por ter sido assim, historicamente os grupos políticos não se descaracterizaram ao longo do tempo. Pelo contrário, os grupos políticos se consolidaram no passado justamente nas eleições municipais, por manterem divergências e separarem o joio do trigo. Cada um permaneceu com a sua foto 3x4 original. Não eram normais as caricaturas de hoje.

    Aqui e acolá haviam coligações mais exóticas. Mas, era exceção.

    Atualmente é regra geral.

    Não há um só tema sério para o futuro do Estado ou dos municípios colocado em cima da mesa como justificativa para os entendimentos atuais. Nada. Só se busca a sobrevivência a qualquer custo e também algo notoriamente “por debaixo do pano”.

    Em nome dessas conveniências e em subalternidade ao poder, os palanques mudam em cada cidade.

    Adversários se abraçam, sem explicações, salvo os próprios interesses pessoais e não coletivos.

    Correligionários se afastam, pelas mesmas razões.

    Quem é quem? – pergunta o povo atônito.

    Ninguém deseja voltar ao passado de radicalismo. Ninguém com sensatez defenderia isto.

    O que o povo deseja é voltar a conhecer com nitidez, a cara e a fisionomia dos seus líderes. E isto está impossível no RN de hoje.

    Aqui de Buenos Aires – salvo ilusão de ótica – o que enxergo é um liberou geral!

    Pobre Rio Grande do Norte....

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