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Brasília em Dia

  • 11 de Maio de 2012

    Será o velório do euro?

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    No primeiro momento a impressão é de que a vitória do socialista François Hollande confirmará a máxima política, de que governar é como tocar violino: se pega com a esquerda e se toca com a direita.

    No Brasil ocorreu exatamente isto. A política neoliberal de FHC, assim qualificada pelo PT, foi inteiramente incorporada ao receituário do governo de Lula e de Dilma. O mundo se espantou, quando Lula convidou para gerir o Banco Central um “tucano”, recém-presidente de um Banco internacional (o Banco de Boston), exatamente uma das instituições privadas mais condenadas nos palanques do presidente recém-eleito. Lula e Dilma agiram certo. A economia nacional se manteve em crescimento e estável, justamente pelo bom senso de ambos, ao continuarem a tocar o violino com as cordas que diziam ser da direita.

    Agora, Hollande seguirá o mesmo caminho? O momento político europeu é mais de vender ilusões, do que soluções. Depois das eleições, os mercadores de sonhos usam palavras ou expressões sinônimas para justificarem mudanças do discurso usado na campanha. Habilmente, a chanceler alemã, Angela Merkel, dias antes da vitória de Hollande, já abriu a porta para diálogos futuros, ao declarar que aceitava discutir a agenda do crescimento, justamente o nó górdio do discurso da oposição francesa.

    Discutir não significa anular. O pacto fiscal para reduzir o endividamento público foi firmado por 25 países dos 27 que formam a União Europeia, depois de vários estudos e análises que demonstraram não ser possível vencer a crise apenas através dos cortes de gastos. Será que Hollande pretende reinventar a roda, ou terminará declarando que conseguiu o seu objetivo pela aparente abertura do diálogo com a senhora Merkel? Outro aspecto político relevante é saber se em junho Holllande terá maioria no Parlamento francês para avalizar as suas posições. Ele venceu as eleições, diante de uma atual maioria congressual de centro-direita de 55%. As eleições de junho próximo – Câmara e Senado – poderão gerar situação política semelhante a do também socialista François Mitterrand, que não alcançando maioria “engoliu” um primeiro ministro de centro-direita.

    Holande é pragmático e ponderado. Ele pratica a arte de síntese. Dessa forma, eliminou muitos de seus oponentes. Tudo inteligentemente, sem que ninguém percebesse. Revela a nostalgia de sua infância na Normandia. É um provinciano típico, até nas preferências culinárias e no costume de discutir políticas nos bares da sua cidade. Segundo o “Le Monde”, ele teve a vida convencional da classe média católica, entre almoços de domingo e aulas em instituições privadas, nunca quebrando o ritmo tranquilo de quem viveu longe de Paris. Sempre concorda com as pessoas e lentamente as sufoca, dizem os seus críticos. A prova disso é que ele “ternurou” Sarkozy, dizendo: “é um mau presidente, mas é um candidato formidável”. No debate decisivo da eleição, Sarkozy devolveu o tom sarcástico, ao afirmar: “a diferença entre nós é que você trabalha para que existam menos ricos e eu para que existam menos pobres”. No passado, os dois foram cúmplices na defesa do sim no referendo sobre a Constituição Europeia.

    Sarkozy, vítima das suas próprias contradições, cultivou a impopularidade durante o seu mandato. Na última cartada eleitoral tentou se aproximar da direita, que não confiou nele. E tinha razões para tal. Sarkozy quando ganhou a eleição há cinco anos, a primeira coisa que fez foi se aproximar dos socialistas. Depois, se arrependeu. Ficou embaralhado e temeroso com o prestígio do então diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, cujo nome crescia e liderava as pesquisas como o futuro presidente francês. Diz-se que o escândalo sexual em que se envolveu Strauss foi fabricado por Sarkozy e seus fiéis seguidores.

    Tudo poderá acontecer na Europa. A causa não será apenas a vitória de Hollande. A própria Merkel na Alemanha enfrenta insatisfações e já perdeu eleições regionais. Na Grécia, o protesto se generalizou nas eleições recentes do parlamento. Na Itália, cresce o movimento “anti política”, o que é perigoso na terra do fascismo. É o caso de lembrar: “em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão”.

    Este cenário será do velório do “euro”? Ninguém pode dizer sim, nem não!

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