Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 04 de Maio de 2012

    Para onde caminha a América Latina?

    2012-05-05-emdia

     

    A América Latina atravessa um momento de indefinições políticas e escândalos sucessivos, em que pesem os resultados econômicos positivos. Este seria um tema inadiável para discussão no Congresso Nacional. Entretanto, silêncio sepulcral. Numa época de globalização e interdependência entre os países, ninguém se interessa em analisar e sugerir alternativas. O governo formula sozinho a nossa política externa e o Congresso aceita passivamente. Verdadeiro crime político de omissão. Isto não existe nas democracias contemporâneas e é inexplicável que o Brasil se dobre a tal realidade.

    Não se conhecem ações de congressistas sobre política externa, no fórum legítimo para tais discussões, que é o Congresso Nacional. O Itamarati – inegavelmente uma instituição competente – açambarca tudo e isola qualquer outra influência, transformando-se no ente mais corporativista do Brasil atual. Até eventuais indicações de congressistas para Embaixadas são interpretadas como esvaziamento da Chancelaria. Por que esvaziamento, se os países do primeiro mundo indicam embaixadores, além de seus diplomatas, também políticos, empresários e intelectuais de notória idoneidade?

    Na recente Cúpula das Américas, os resultados foram pífios. Só quem ganhou foi o presidente colombiano Juan Manuel Santos, que desfruta de popularidade superior a 80%, em razão do combate à FARC e o avanço econômico, que alcança crescimento em 2011 de 6% do PIB. A presença de lideranças como o Brasil, Estados Unidos e México avalizaram na Cúpula o prestígio da Colômbia.

    Na maioria dos países latino-americanos, a fotografia política é tétrica. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner desapropriou a “Repsol” da Espanha e na busca de aplausos reavivou o conflito com a Inglaterra pelas ilhas Malvinas. Além disso, o vice-presidente é acusado de interceder a favor de uma empresa em licitação para a emissão de moeda, o que caracterizaria corrupção e tráfico de influência O país se isola do mundo desenvolvido. O Brasil, aliás, graças à habilidade do ministro Edson Lobão, tem se aproximado dos argentinos, sem se comprometer com os atos tresloucados.

    Na Venezuela, o câncer de Chávez provoca abalos políticos constantes, agravados pela denúncia de manipulação de sentenças nos tribunais e o assassinato de um general muito próximo ao governo. Na Nicarágua, a União Europeia considerou a eleição de Daniel Ortega fraudulenta. O Chile, embora tenha instituições estáveis, a crise se alastra em função da impopularidade do presidente Peneira, com greves sucessivas. O riquíssimo presidente Martinelli do Panamá, populista de direita, atropela as leis e desconhece o judiciário. Bolívia e Equador, seguidores do chavismo, têm perfis semelhantes. Morales perdeu a liderança dos indígenas (60% da população), que reivindicam terras que lhes foram prometidas na campanha eleitoral. No Equador, Rafael Correa encurrala a imprensa e enfrenta até denúncias do seu próprio irmão.

    Em Honduras e El Salvador, os governos enfraquecem com a expansão do tráfico de drogas e a debilidade política dos presidentes Pepe Lobo (Honduras) e Fulnes (El Salvador). No Paraguai, o senado destituiu sete ministros da Suprema Corte e o presidente Lugo perde poderes até para a OEA, que ameaça retornar os juízes destituídos aos seus cargos. No Peru, o presidente Humala, que até agora não se mostrou aliado de Chávez, enfrenta reação em massa dos indígenas, que apoiados numa lei inconsequente decidem bloquear investimentos maciços em mineração, gerando prejuízos econômicos incalculáveis. A surpresa é o presidente Mujica (ex-dirigente dos guerrilheiros Tupamaros) que age com equilíbrio, embora tenha ensaiado apoio à Argentina na desapropriação da “Repsol” e consentido, em princípio, na revisão da anistia. No México, cresce a influência dos cartéis de drogas, que matam e desestabilizam o país.

    No Brasil, o céu não é de brigadeiro, tendo em vista as denuncias de corrupção e a CPI do Cachoeira, que se sabe como começou, mas não se conhece como irá terminar. A maior estabilidade está na Colômbia e em Costa Rica. Pelo menos, até agora.

    Em resumo, a “pátria grande” de Bolívar, que seria a Comunidade Latino-Americana de Nações, parece uma página virada na história da região. Só resta perguntar para onde caminha a América Latina? Responda quem puder!

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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