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Brasília em Dia

  • 10 de Março de 2012

    FIFA pode muito; mas não tudo!

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    Nem com o Brasil totalmente atrasado nas obras preparatórias da Copa do Mundo 2014 – o que não é verdadeiro-, se justificariam as declarações grosseiras e mal educadas do secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (FIFA), Jérôme Valcke, afirmando que o país deveria receber “um ponta pé no traseiro” e críticas ferinas ao Congresso Nacional. Não se trata de nacionalismo exagerado. Afinal, o tal Valcke se referiu a uma nação soberana de forma “impertinente e descabida” como classificou, com absoluta razão, o ministro Aldo Rebelo, ao encampar a indignação da presidente Dilma Rousseff.

    A Fifa pode muito, mas não pode tudo. A decisão do Brasil sediar a Copa dificilmente terá um “plano B”, como se anuncia nas entrelinhas das sucessivas ameaças dos últimos meses. De um lado, a instituição internacional já decidiu e homologou o local da competição e para voltar atrás arcará com prejuízos maiores do que eventuais atrasos aqui e acolá. De outro lado, o Brasil tem todo o interesse de cumprir o acordado, inclusive pelos investimentos liberados em obras de estádios e infraestrutura. As duas partes nada ganhariam com a “quebra” de compromissos.

    A revista Época ao divulgar recente entrevista com Patrick Nally, mentor das estratégias de marketing da Fifa, provocou comentários em blogs de que a autoridade da “Fifa sobre os países faz dela uma entidade até mais firme e poderosa que a própria ONU, aquela fantasia de órgão supranacional ...Seria o caso de criar um país só para que a Fifa realize seu espetáculo: a Fifalândia”.

    Existem situações inacreditáveis na fase de preparativos da Copa no Brasil. Por exemplo, o direito a meia-entrada de estudantes e idosos, que sendo lei brasileira, recebeu publicamente a ameaça de não ser aceita pela Fifa, sob o argumento de que deixaria de ganhar U$ 100 milhões de dólares (R$ 180 milhões de reais). A Câmara dos Deputados, de forma soberana, aprovou o Estatuto da Juventude, que tornou fato consumado a meia-entrada para estudantes entre 15 e 29 anos. Note-se que o preço dos ingressos estabelecido pela Fifa engloba valores entre 900 e 50 dólares. Propõe que caso haja demanda maior para os ingressos de menor preço seja feito um sorteio entre os idosos, estudantes e beneficiados da Bolsa Família. Na visão da Fifa, os deficientes físicos também não seriam beneficiados. Um absurdo tais propostas!

    A entidade ganhou 4,1 bilhões de dólares (R$ 7,3 bilhões) entre 2006 e 2010, na África do Sul e tem o propósito de ganhar muito mais no Brasil, a custa do corte de direitos legítimos do nosso povo. A venda de bebidas alcoólicas em estádios é outra questão polêmica e a FIFA quer a liberação, já que possui patrocinadores internacionais produtores de bebida.

    O ministro Aldo Rebelo, respaldado pela presidente Dilma, agiu com firmeza e merece apoio incondicional da nação. Ele demonstrou que a maior parte da construção dos estádios brasileiros está seguindo o cronograma previsto, bem como as obras de mobilidade urbana, no total de cinquenta e uma, com a previsão continua de entrega em 2013.

    Esse tal Valcke, com arrogância e prepotência na linguagem usada, foi mais além do que o seu compatriota Charles de Gaulle, quando nos anos 60 teria declarado que o “Brasil não era um país sério”. Nessa década também ocorreu à chamada “guerra da lagosta”, envolvendo França e Brasil, com a captura ilegal de lagosta, por parte de embarcações francesas, que invadiram águas territoriais no litoral Nordeste do Brasil. O presidente João Goulart chegou a determinar o deslocamento para a região de contingente militar e em terra o 4° Exército sediado em Recife, sob o comando do general Castelo Branco, também se mobilizou. O conflito foi encerrado a favor do Brasil.

    A melhor saída para o impasse da Copa será uma alternativa negociada, desde que não envolva o tal Valcke como interlocutor da Fifa. Se o governo brasileiro recuar nesse aspecto – como propós indiretamente Ricardo Teixeira, presidente da CBF, sem nenhuma autoridade para opinar – terá simplesmente sujado a água para depois beber... Em tal hipótese mereceria realmente “um ponta pé no traseiro”...

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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