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Brasília em Dia

  • 20 de Janeiro de 2012

    Naufrágio e superstição

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    Diz-se que o navio é o mais seguro meio de transporte. Ainda continuo pensando assim. O sinistro ocorrido recentemente na ilha de Giglia foi erro humano. Na hipótese de acidente aéreo, ninguém teria escapado. O naufrágio ocorreu cem anos e meses, após o Titanic ter sucumbido no atlântico norte. A segurança do Titanic parecia  incontroversa. Morreram mais de 1.500 passageiros. O naufrágio superou em número de vítimas a do navio americano SS General Slocum, que incendiou quando navegava pelo East River de Nova York, em 1904 e causou a morte de 1.020 pessoas.

    Os relatos da história marítima apontam que o acidente de maior proporção continua sendo o naufrágio do junco Tek Sing, navio à vela chinês que afundou em fevereiro de 1822 ao sul da China. A embarcação transportava cerca de 1.800 passageiros e uma grande carga de porcelana. Mais de 1.600 pessoas morreram - as demais foram resgatadas pelo navio inglês East Indiaman, que passava pelas redondezas.

    Estudos e pesquisas do historiador Marcelo de Ferrari informam, que mais de 10.000 embarcações naufragaram no litoral do Brasil, sem contar embarcações de pequeno porte como lanchas, traineiras, pequenos veleiros, etc. Esses naufrágios ocorreram na Bahia e no Rio de Janeiro, que já foram capitais brasileiras; na região de Recife, porto de grande importância comercial desde os tempos coloniais; Santa Catarina, por ter sido rota para o Rio da Prata e  muitos na rota Rio de Janeiro – Santos.

    O mais famoso naufrágio em águas nacionais foi no século XVIII. O Brasil era uma das mais importantes rotas marítimas coloniais. O “Rainha dos Anjos” partiu da China rumo a Lisboa, transportando presentes da corte chinesa para o Papa Clemente XI e o Rei de Portugal, D. João V. Haviam vidros e porcelanas de interesse histórico excepcional, fabricados na oficina do Palácio Imperial. Em sua escala no Rio de Janeiro, a embarcação foi a pique. Uma vela fora esquecida acesa em seu porão causando incêndio, que apesar dos danos não deixou vítimas. Até hoje são organizadas expedições pelos “caçadores de tesouros”, que buscam riquezas no habitat da fauna subaquática. Há também pessoas e instituições, especialistas na “arqueologia subaquática”, que usa técnicas da pesquisa terrestre sob as águas. O intenso trânsito de navios na baía da Guanabara, ao longo de quase 400 anos, torna praticamente impossível as missões, pela elevada quantidade de lixo depositada no fundo do mar, juntamente com a carga destinada a Portugal e ao Vaticano.

    A história das tragédias e sinistros universais, semelhantes ao naufrágio do transatlântico italiano, vincula-se a superstição da sexta-feira 13, o que se repetiu agora nos mares do mediterrâneo. Uma das mais citadas justificativas dessa surperstição é o fato de Jesus ter sido perseguido e crucificado numa sexta feira, o salvador das religões cristãs, que contava à época justamente com treze apóstolos.

    A exemplo do que ocorreu na última sexta,  o nordeste do Japão enfrentou um tsunami numa sexta, em 2011. O tsunami ocorreu depois do terremoto de magnitude 8,9, o sétimo mais potente da história dos sismos na Terra - devastou a cidade de Sendai, onde a polícia encontrou entre 200 e 300 corpos na praia.

    No Brasil, igualmente numa sexta-feira, quase 200 mortes ocorreram pelas chamas que se alastraram no edifício Joelma em São Paulo. É maior incêndio da nossa história.

    Anos antes, em 1972, outra tragédia marcou a sexta-feira, com um avião da força aérea uruguaia, que caiu na Cordilheira dos Andes. Na queda morreram oito passageiros. Após dias de luta pela sobrevivência em plena antártida gelada, salvaram-se 16 e 21 faleceram no período em que ficaram perdidos.

    Em pleno século XXI continua o debate para separar a ciência da superstição, tipo sexta-feira 13. Patrick Hurley opina que essa dúvida remonta à Platão, quando há 24 séculos distinguiu entre no que chamou de “opinião” e “conhecimento”. O primeiro conceito seria incerto e inexato. O segundo certo e universal. Como na prática a maioria das pessoas vive a base de opinião, perdurarão por muito tempo as superstições. Deus queira que diminuam de intensidade, em relação a tragédias nas sextas-feiras, sobretudo às de número 13.

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